domingo, 26 de maio de 2013

Jacó Eu Amei, Esaú Eu Odiei

Resenha: Duas Vidas Dois Destinos, de Katherine Paterson

"Malucos considerados quietos acabam tendo uma liberdade muito maior do que a maioria das pessoas."

Eu não sei se vocês sabem, mas Katherine (a autora deste livro) também escreveu o livro que baseou um de meus filmes favoritos, chamado Ponte Para Terabítia (vocês devem conhecê-lo, certo?). Infelizmente, eu ainda não tive oportunidade de lê-lo, e o que chamou minha atenção foi a capa, muito parecida com a da outra obra da autora. Até então eu não havia me dado conta de que a Katherine era mesmo A Katherine,  e eu só fiquei como "Ei, que absurdo é este?"
Agora que eu sei disso eu meio que sei o que ela tentou fazer, e estou muito ansiosa para ter Bridge To Terabithia em minhas mãos, só para constar.

Duas Vidas, Dois Destinos ou Jacob Have I Loved é narrado por Sara Louise, irmã gêmea de Caroline. Fica muito claro, desde o início da estória, que as duas são - e sempre foram - tratadas de modos completamente diferentes. Enquanto Caroline canta como ninguém na minúscula ilha onde vivem, Louise caça caranguejos e ostras em troca de alguns pouquíssimos centavos; talvez, por esta razão, Caroline pareça muito mais bonita e adorável. 
Louise emite todo o ódio sentido pela irmã nos pensamentos transmitidos ao leitor. Não posso negar que me senti um pouquinho amedrontada quando ela disse que poderia assassinar a irmã gêmea (claro que ela se sentiu arrependida depois).

O enredo se passa nos anos 40 e, como citei anteriormente, a ilha onde todos os personagens vivem é muito pequena. Ela não é afetada pela Segunda Guerra Mundial, só por tempestades feias. Apenas os homens saem de barco por certo período de tempo, afim de pescarem, caçarem caranguejos e ostras, enquanto as mulheres ficam em casa e vão à igreja Metodista todo o domingo. 
Nenhum personagem é tão rico em conhecimento - apenas algumas poucas exceções - e foi por isso que, quando uma igreja Metodista chegou ao local, todos logo cederam e aderiram a esta religião. Isso é muito visível na avó de Louise, sempre lendo seus versículos ofensivos em alto e bom som.  
Quando Louise e seu amigo Call começam à investigar a estória de um curioso Capitão recém-chegado na ilha o rumo da história perde um pouco o foco no ódio e passa ao amor, as descobertas. Aliás, algo bastante peculiar acontece a partir daí, quando a garota se torna oficialmente uma mulher. 

A escrita da autora é fantástica e isso faz com que, mesmo que nada de muito interessante esteja acontecendo, você não solte o livro por nenhum segundo. 
Na verdade a estória não vai além da vida pacata de Louise, e de como a garota se decepcionou com coisas que aconteceram no decorrer disso. 
O ponto forte nessa simplicidade sem muitos pontos altos é que estas coisas podem acontecer com você também. O ódio, o amor, a decepção... Mas, assim como Louise, você verá que isso passa. Ela não entendia o que havia levado a mãe, uma mulher tão esperta, para o meio do mangue, afim de ser xingada de coisas nada agradáveis pela própria sogra. 
Ela também pensava que jamais sairia dali e que, já que tudo havia dado errado desde o dia em que nasceu e Deus a odiava (daí o "Jacó eu amei, Esaú eu odiei" - ela se sentia como Esaú). 
Nunca havia pensado, pobrezinha, em sair daquele lugar e ir ao Continente para ter o que chamamos de vida. Não como cantora, assim como a irmã, mas como uma médica, talvez. 

Se você resolver lê-lo espero que, assim como eu e Louise, descubra que por mais difíceis que as coisas sejam você sempre pode tentar mudá-las para melhor e ter seu cantinho no mundo. Não meça esforços para isso, todo mundo é mais!

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