sábado, 29 de junho de 2013

Real Ou Não Real?

Resenha: Trilogia Jogos Vorazes - Livro 3 (A Esperança), de Suzanne Colins

"Você me ama. Real ou não real?" 

Não recomendo que você leia esta resenha antes de findar a leitura do primeiro e segundo livros.
A sensação de ter sido abandonado por alguém amado já de apoderou de meu coração. Isso acabou mesmo? Nenhum outro livro, nenhuma sequência? Oh, o vazio de terminar uma série... 
Sim, tornou-se uma de minhas favoritas. Sim, lerei-a novamente no futuro. E sim, estou um tanto quanto satisfeita com o final que as coisas tiveram (eu esperava algo totalmente trágico e diferente do que realmente foi).

O choque que tivemos com o final de Em Chamas continua tomando espaço durante todo o início de A Esperança. Depois de livrar-se dos Jogos Vorazes pela segunda vez Katniss encontra-se perdida entre a guerra proposta por Snow (e suas rosas de cheiro horrível e artificial) e os próprios pensamentos. Sua família, seus amigos e todo o povo do Distrito 12 depende dela para sobreviver, e em meio a este mar de cinzas ainda encontram-se Peeta e Gale, Prim e sua mãe. O Distrito 13 revela-se um local não tão agradável e pacífico assim, e seu real inimigo pode estar mais próximo do que imagina.

Sinto em dizer que Katniss já não é mais minha personagem favorita. Eu nem mesmo sei se continuo tendo um personagem favorito em toda a trilogia. Ela mudou radicalmente, e pude notar que o que ela mais abominava acabou tornando-se seu resultado final. Moldada pela Capital? Perdida em meio à dor? Eu não sei o que ocorreu com Katniss por aqui. Finnick, porém, ganhou meu coração de uma forma bastante sorrateira. Estou muito triste por ele e tudo o que ocorreu com Annie (que era quem o garoto realmente amava, no final das contas). Buttercup também teve espaço por aqui. 
Coin é um dos personagens que mais detestei em toda a minha vida como leitora. Abominável! Sinto mais nojo de Coin do que do próprio presidente Snow (que não é alguém muito bom, acreditem). 

De todos os livros da trilogia, o primeiro continua sendo meu favorito. Descobri com A Esperança que sou Team Peeta. A mudança radical na personalidade dos personagens (lê-se Katniss) afetou minha leitura horrivelmente durante toda a obra, e eu não sei vocês, mas senti falta das surpresas que tínhamos com Jogos Vorazes e Em Chamas. Outro dos pontos que não gostei foi a falta de um "final real" para tudo. O destino de certos personagens (como Gale e a mãe de Katniss) ainda tamborila em minha mente, e eu acho que gostaria que o livro tivesse algumas páginas à mais. 

Estou muito ansiosa com a adaptação cinematográfica, preparando meus lenços de papel e tudo mais. Sentirei saudades da velha Katniss, de Prim, da delicadeza de Peeta e os olhos de mar de Finnick... Mas infelizmente tudo tem um fim, assim como Harry Potter, As Crônicas De Nárnia e todas essas coisas de livros. Depressão pós-trilogia, sabem?
Observação: recomendo que o livro seja lido em inglês. A Rocco fez uma crueldade gigantesca com sua tradução.


~♥~
Você vem, você vem 
Para a árvore 
Onde eles enforcaram um homem que dizem matou três 
Coisas estranhas aconteceram aqui 
Não mais estranho seria 
Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca 
Você vem, você vem 
Para a árvore 
Onde o homem morto clamou para que seu amor fugisse 
Coisas estranhas aconteceram aqui 
Não mais estranho seria 
Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca 
Você vem, você vem 
Para a árvore 
Onde eu mandei você fugir para nós dois ficarmos livres 
Coisas estranhas aconteceram aqui 
Não mais estranho seria 
Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca 
Você vem, você vem 
Para a árvore 
Usar um colar de corda, e ficar ao meu lado 
Coisas estranhas aconteceram aqui 
Não mais estranho seria 
Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca
~♥~

Esta letra os assusta tanto quanto assusta a mim? Passei duas noites sonhando com seus colares de corda, e fico feliz pela mãe de Katniss tê-la proibido. Encontrei esta versão da música no YouTube. Não sei se é a original já que o filme ainda não foi lançado e eu não faço ideia de como ela será entoada, mas achei muito bonita apesar do que ela diz de fato. Apenas uma despedida... e que a sorte esteja com vocês. *lágrimas*

sábado, 22 de junho de 2013

Repetir o Passado

Resenha: O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald

"Nenhum fogo pôde destruir o conto de fadas que havia em seu coração."

Este foi um dos livros que me deixou curiosa diante do sucesso repentino de sua nova adaptação para o cinema. Nos Estados Unidos este é um clássico, então, como com todos os clássicos, senti que estava no lugar errado por alguns momentos (só durante as primeiras dez ou onze páginas, sendo precisa) até conseguir finalmente me adequar aos personagens.

Eu nunca esperei que o livro fosse narrado por um homem ao assistir ao seu trailer mais recente. Pensei que quem contasse a estória fosse Daisy! Mas na verdade ela é narrada por Nick - que é primo de Daisy, mas isso não vem ao caso. 
Nick mudou-se para West Egg, com casas incríveis e gigantescas, tornando-se vizinho de um milionário bastante famoso devido às suas maravilhosas festas e o mistério que o cerca (alguns acreditam que ele realize contrabando de bebidas, enquanto outros desconfiam de que o mesmo faça parte de uma gangue). Este milionário chama-se Jay Gatsby, e a partir do momento em que os dois se conhecem - durante uma de suas extravagantes festas - uma amizade se forma instantaneamente. 
Ao longo da estória, Nick descobre que Gatsby já foi/continua sendo apaixonado por sua prima Daisy, que já é casada com Tom Buchanan, e vira um ponto de fuga para que os dois consigam se encontrar. (Lembrem-se de que este é um livro de Fitzgerald - sempre há algo mais acontecendo em meio a todas as outras coisas, como em O Curioso Caso De Benjamin Button, por exemplo).

Não houve um personagem que me cativasse especificamente, apesar de passar bastante tempo imaginando como Daisy e Jordan Baker se pareciam uma com a outra, e como elas eram magras... mas lembro-me claramente da repulsa que senti por Tom, desde o primeiro momento. O modo como ele trata Daisy, as expressões narradas por Nick, seus braços exageradamente fortes... Tudo isso faz parte de um vilão para mim. Não sou a maior fã de Tom, em qualquer circunstância. 
Também não sei o que dizer sobre Gatsby (confesso que gostaria que o livro tivesse algumas páginas à mais), já que o mesmo é tratado de forma misteriosa e temos a desagradável sensação de que Nick sabe muito pouco enquanto narra de forma calma demais todas as coisas que vem acontecendo. Isso me deixou um tanto quanto agoniada.

O livro em si é bastante curto. Ele possui uma grande introdução, e vários tópicos para que seja facilitado o reconhecimento da sociedade pós-guerra/consumista dos anos 20. Sua narração faz com que tudo aconteça muito rápido, e talvez este tenha sido o motivo que me levou a pensar um pouco antes de escrever uma resenha. (De qualquer maneira, é interessante ver como os relacionamentos, as mulheres e o dinheiro eram tratados no passado).
Estou muitíssimo curiosa com relação à adaptação para o cinema! Ela é a segunda, como já disse. Preferi não assistir à primeira, pois tudo sempre parece um pouco mais emocionante no cinema, quando não se sabe o que esperar. Juro acrescentar uma nota ao post (ou quem sabe criar um novo?) assim que tiver visto.  Enquanto isso tento me contentar com sua trilha sonora (demais!).

Caso você decida ler O Grande Gatsby, lembre-se de não ser tão exigente ou medroso diante de clássicos. Vocês sabem como estes livros são. Estou muito animada para conversar com qualquer um que queria sobre o livro, então aproximem-se! :D

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Just Singing In The Rain

Resenha: Laranja Mecânica, de Anthony Burgess

"Mas o não-ser não pode aceitar o mal, quer dizer, os do governo, os juízes e os colégios não podem permitir o mal porque não podem permitir a individualidade."

As subliminaridades de Laranja Mecânica (ou A Clockwork Orange - Laranja Com Mecanismos de Relógio) iniciam no título. Minha interpretação sobre 'mecanismos de relógio' é a facilidade de manipulação, a aparência robótica e programada. Quanto à 'laranja' há quem diga que a palavra 'orange' assemelhe-se a orang-utan, um macaco alaranjado e fácil de se domesticar.
Tudo isso tem seu fim na experiência imposta a Alex, com fins de domesticá-lo.

Laranja Mecânica, do autor Anthony Burgess, se passa no futuro. Conta sobre o chefe de uma gangue - gangue esta que estupra, espanca e assassina inocentes - após sua captura. Nas mãos da polícia, Alex é proposto a participar de uma experiência que teria como objetivo diminuir sua estadia na prisão. Exposto a uma série de vídeos e testes que devem diminuir toda e qualquer violência praticada por ele. Porém, depois do fim de seus tempos como cobaia, Alex se torna incapaz de reagir diante de perigos reais e da violência que o cerca.
Alex é um personagem realmente interessante. Horrível, mas ainda assim tentador. A forma psicopata como pensa, a linguagem própria, o modo como chefia a própria gangue... A forma como Anthony passou isso ao leitor é sem igual (eu não me apaixono por assassinos estupradores à toa, meus caros).

O livro também foi adaptado maravilhosamente para o cinema, dirigido por Stanley Kubrick e tendo Malcolm McDowell interpretando Alex (uma interpretação que não poderia ter sido melhor, na minha opinião). 
O que ocorre durante a adaptação, como em todos os livros que já viraram filmes, é a ausência de pensamentos e sentimentos do personagem diante dos fatos - que é o que me interessou na obra, no fim das contas - por isso, se você não tiver lido o livro e resolver ver o filme, talvez ele não cause um impacto tão grande e não gere todas as ideias que poderia.

A violência e o futuro como era imaginado nos anos 70 são características pesadas e charmosas ao mesmo tempo, quase como um personagem que não está ali realmente. Este é um daqueles livros que te faz pensar e repensar, e capturar-se relembrando questões curiosas nos momentos mais improváveis possíveis. Vale lembrar que tudo que provoca o pensamento e o questionamento deve ser levado consigo - com esta obra não é diferente. 
E você, tem se deixado moldar pelos testes vividos diariamente?

sábado, 8 de junho de 2013

Acreditar Em Algo

Resenha: O Sr. Pip, de Lloyd Jones

"Eu tinha encontrado um novo amigo. O surpreendente era onde eu o tinha encontrado - não no alto de uma árvore ou encostado num canto ou nadando num dos riachos da montanha, e sim num livro." 


Escolhi este livro na estante da biblioteca por possuir um universo semelhante a um dos últimos livros que li, chamado Duas Vidas, Dois Destinos. Ambos se passam em uma ilha - ilhas diferentes, vivendo problemas diferentes, mas ainda assim ilhas - e são narrados por garotas muito corajosas, de aproximadamente 15 anos de idade.
O Sr. Pip foi escrito por Lloyd Jones sobre a cobertura realizada por ele mesmo sobre a ilha de Bougainville, durante uma guerra civil. Ele é um jornalista, e inseriu personagens em meio à tragédia do bloqueio.

O livro é narrado por uma garota chamada Matilda, e tudo começa quando um estranho que todos os moradores da ilha costumam chamar de Olho Arregalado (mas que na verdade se chamava Sr. Watts) torna-se professor na única escola da ilha. Como citei, a estória se passa em meio à guerra, então toda a população de pessoas brancas tratou de desaparecer rapidinho de lá enquanto pôde. 
Sr. Watts não teve muito o que fazer na escola, e isso o levou à ler seu exemplar de Grandes Esperanças, escrito por seu autor favorito, o Sr. Dickens. Grandes Esperanças foi algo que levou as crianças a sonhar com um universo bastante diferente daquele onde elas estavam vivendo de verdade. Todos os personagens foram tratados por elas como pessoas reais e amigos com os quais podiam conversar para fugir da escuridão daquele momento.

O Sr. Watts é um personagem incrivelmente interessante. Há muitos mistérios que o cercam (não se preocupem, vocês saberão de tudo - ou quase tudo - no final da estória), como um nariz de palhaço e puxar Grace, sua noiva, em uma carroça. Ele me lembra muito alguém pelo fato de fazer com que as crianças pensem e sonhem, independente dos padrões impostos pela sociedade sobre como um professor deveria ser.
Matilda não tem um pai por perto - ele foi para a Austrália junto com alguns homens brancos - e isso fez com que a garota e sua mãe vivessem sozinhas em sua casa simples. A mãe de Matilda é outro personagem interessante. Ela é alguém muito religiosa, e conta estórias bíblicas sobre Deus e o demônio a fim de desbancar Sr. Watts.

O Sr. Pip fala, basicamente, sobre quanta emoção um livro pode transmitir ao seu leitor. Sobre como o refúgio que precisamos pode ser por vezes encontrado em aparentemente simples letras impressas em folhas de papel. Em personagens inexistentes diante dos olhos e mentes sem treino e amigos imaginários (Matilda me ensinou, também, que as pessoas veem os personagens de formas diferentes). 
É interessante que você dê uma chance a este livro mesmo não sendo um leitor de longa data. Seus personagens são encantadores, e ele lhe recomendará diversas outras obras maravilhosas, principalmente Grandes Esperanças, de Charles Dickens.

Ps:. Descobri hoje que um filme com o mesmo nome será lançado baseado na obra de Lloyd. Eu não sei qual será o mês do lançamento ou se ele já foi lançado em alguns países, mas este é o seu trailer e eu prometo escrever algo sobre ele assim que assisti-lo (em breve, espero \o/).