quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Vamos Ser Nada?

Resenha: Ponte Para Terabítia, de Donna Diamond e Katherine Paterson

"Não tinha nascido com coragem, mas não tinha de morrer sem ela."

Há algum tempo queria realizar esta leitura, principalmente depois de ter terminado Duas Vidas, Dois Destinos, também de Katherine Paterson. O que me chamou a atenção sobre este livro foi uma curiosidade: Katherine dedicou-o ao filho, que havia perdido uma amiga recentemente. O que podemos ler que seja algo mais bonito que isso? Algo mais bonito que todo o amor de uma mãe voltado para um livro que seria dedicado a seu filho? 
Depois de ir a duas bibliotecas e uma livraria decidi iniciar minha leitura na internet (neste site, caso também não tenham tido a oportunidade de ler o livro físico), e foi uma das coisas mais bonitas que já vi até agora.

Ponte Para Terabítia conta sobre Jesse, principalmente. Sobre como ele tinha um relacionamento conturbado com o restante da família (quatro irmãs e seus pais) e passava por dificuldades financeiras. Jesse é muito reservado e prefere desenhar a se expressar. Ele não tem muitos amigos até o momento em que Leslie aparecesse. Leslie tem um relacionamento diferente com a própria família, além de não passar por apuros financeiros. Ela veio da cidade e é filha de escritores. A primeira impressão que o garoto teve dela foi ruim, mas a menina não desistiu e no fim eles acabaram se tornando amigos e criando um local totalmente para si, chamado Terabítia, onde conversam e lidam com os problemas cotidianos da forma mais divertida e fantástica possível.
Leslie é minha personagem favorita porque, além de muito esperta, não trata Jesse de um modo estranho apesar das grandes diferenças existente entre eles. Ela apenas entende, aceita e segue em frente. O garoto, às vezes, até pensa que não está sendo bonzinho o suficiente com a amiga.

Foram lançadas duas adaptações para o livro no cinema, e já escrevi uma resenha sobre a versão lançada em 2007 (é um dos meus filmes favoritos). Observando deste ponto, o livro me decepcionou um pouco. Isso porque o filme é um pouco mais direcionado ao público infantil, enquanto o livro fala de assuntos que, creio eu, crianças não compreendam. Vejam bem, imaginei que as coisas estariam mais claras sobre Terabítia no livro. Que a autora falasse como funcionava o reino e as criaturas com as quais deveriam lutar. Mas na verdade as únicas coisas ditas sobre isso é que Jesse é o rei, e Leslie a rainha. Eles tem um castelo com coisas que consideram preciosas e importantes. Só isso...
Talvez por esta razão eu recomende mais o filme do que o livro para as crianças. Há uma possibilidade imaginativa melhor, mais ampla.

Agora, vamos aos adultos. Jesse pode ser visto de diversas formas diferentes, e a morte também. Do ponto de vista do livro é possível analisar com mais precisão seus sentimentos e pensamentos. Como ele pensava que Leslie pertencia a ele, e a ninguém mais. Seu relacionamento com o pai e como sempre se achou grande demais para dizer qualquer coisa que o fizesse frágil diante do olhar do homem. A luta para se tornar alguém, e não só mais uma criança em meio a tantas. São sentimentos e emoções realmente fortes, sentidas por quase todas as pessoas, independente da idade.
A narrativa é muito fácil e tranquila de se ler, então além deste ser um livro curto ele dá a possibilidade de pensar em coisas com que geralmente não nos importamos rapidamente, e continuar lembrando delas mais tarde, quando menos esperamos.

Simplificando... Crianças: filme. Adultos: livro.
Ou você pode ficar com os dois, como no meu caso (estou realmente satisfeita de ter analisado uma obra tão bonita de pontos de vista diferentes). Agora fiquem com essa citação, que eu achei adorável e engraçada ao mesmo tempo:

~♥~

— Vamos ser nada?
— Nada?
— É, dizem que 'nada' dura para sempre...

~♥~

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