segunda-feira, 17 de junho de 2013

Just Singing In The Rain

Resenha: Laranja Mecânica, de Anthony Burgess

"Mas o não-ser não pode aceitar o mal, quer dizer, os do governo, os juízes e os colégios não podem permitir o mal porque não podem permitir a individualidade."

As subliminaridades de Laranja Mecânica (ou A Clockwork Orange - Laranja Com Mecanismos de Relógio) iniciam no título. Minha interpretação sobre 'mecanismos de relógio' é a facilidade de manipulação, a aparência robótica e programada. Quanto à 'laranja' há quem diga que a palavra 'orange' assemelhe-se a orang-utan, um macaco alaranjado e fácil de se domesticar.
Tudo isso tem seu fim na experiência imposta a Alex, com fins de domesticá-lo.

Laranja Mecânica, do autor Anthony Burgess, se passa no futuro. Conta sobre o chefe de uma gangue - gangue esta que estupra, espanca e assassina inocentes - após sua captura. Nas mãos da polícia, Alex é proposto a participar de uma experiência que teria como objetivo diminuir sua estadia na prisão. Exposto a uma série de vídeos e testes que devem diminuir toda e qualquer violência praticada por ele. Porém, depois do fim de seus tempos como cobaia, Alex se torna incapaz de reagir diante de perigos reais e da violência que o cerca.
Alex é um personagem realmente interessante. Horrível, mas ainda assim tentador. A forma psicopata como pensa, a linguagem própria, o modo como chefia a própria gangue... A forma como Anthony passou isso ao leitor é sem igual (eu não me apaixono por assassinos estupradores à toa, meus caros).

O livro também foi adaptado maravilhosamente para o cinema, dirigido por Stanley Kubrick e tendo Malcolm McDowell interpretando Alex (uma interpretação que não poderia ter sido melhor, na minha opinião). 
O que ocorre durante a adaptação, como em todos os livros que já viraram filmes, é a ausência de pensamentos e sentimentos do personagem diante dos fatos - que é o que me interessou na obra, no fim das contas - por isso, se você não tiver lido o livro e resolver ver o filme, talvez ele não cause um impacto tão grande e não gere todas as ideias que poderia.

A violência e o futuro como era imaginado nos anos 70 são características pesadas e charmosas ao mesmo tempo, quase como um personagem que não está ali realmente. Este é um daqueles livros que te faz pensar e repensar, e capturar-se relembrando questões curiosas nos momentos mais improváveis possíveis. Vale lembrar que tudo que provoca o pensamento e o questionamento deve ser levado consigo - com esta obra não é diferente. 
E você, tem se deixado moldar pelos testes vividos diariamente?

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