Das Nuvens
Bless This Morning Year, Helios
Perguntaria aos mestres as fórmulas que preenchem a
solidão que se descobre enquanto se estuda a mente. E temeria que nenhuma delas
silenciasse o medo da completa individualidade.
Abriam a boca para me contar que “cada ser nasce e morre
sozinho” enquanto de olhos fechados eu nutria a certeza de que compartilhava da
mente do outro.
Sinto muito, Buda, Sócrates e Osho. Pelas lágrimas que se
tornam mais reservatório do que rio fluente. Por enlouquecer triturando o que
não podia, posso ou poderei modificar. Por tampar os ouvidos diante ao
questionamento e ligar a lanterna alheia no túnel de minha própria escuridão.
É só que ainda temo, passarinhos, observar todos os imaginários
em particular. Sozinhos com suas interpretações. Projetando no mundo o que
ocorre ali dentro. Segurando outro par de mãos para que se sintam menos
sozinhos nesse mundo. E sendo os únicos, entre bilhões, a conhecerem os
próprios pensamentos na hora de dormir. Quando é madrugada e as estrelas
descem. E a loucura parece mais suscetível.
Quando na lógica diz-se de um jeito, a cabeça insiste em
se atirar à frente, brincando de prever o que não aconteceu, acontece,
acontecerá. Eu digo, dizia calma. Enquanto no colo de cem outros, a cabeça vagava
pelo mesmo lugar.
Do trauma de se ver sozinho outra vez após o pensamento
que se formava com uma certeza que para qualquer outro caso não existia, não existe
- de que o laço vermelho de Akai Ito pendia entre nossas mãos.
E tremer como um terremoto diante de qualquer sinal do
perfume. E recusar meu sorvete favorito. Porque a solidão me fazia mal ao
estômago. À cabeça. E ao coração.
Vai o enjoo. Fica o medo. De não me sentir nunca mais
protegida da incerteza. Porque em minha mente já domina o pensamento: "cada ser nasce sozinho, morre sozinho".
E tentei voltar ao mesmo rio. Mas ele já havia ido
embora. E o que eu havia sido também.
Se você não possui, lhe dou. Minha mão. Meu corpo. E meu
coração. Não pretendia, pretendo, pretenderei tomar-lhe algo de volta. Porque
escolhi te observar no jardim, ao invés de matar suas raízes e te levar pra
casa. Assim, você morreria e passaria a ser meu enfeite. E eu prefiro te amar,
a amar aos meus enfeites.
É que precisamos aprender o dobro sobre o que ensinamos.
E eu precisava, preciso, precisarei aprender sobre a compreensão. Insisti pela
segunda, terceira ou quarta vez. E sempre que entrava, entrava melhor. Sempre
que saía, saía pior. Cada volta sua o que me fez, faz. Que fazer com a mente,
que tem consciência absoluta da necessidade da partida, mas traz intercaladas à
sensatez lembranças belas assim?
O cérebro leva tempo para eliminar o que foi imaginado e
em seu interior tornou-se realidade. Porque acreditamos na visualização, afinal. Nos
planos sem querer. E na certeza da estadia permanente. Que não vai acontecer.
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