domingo, 3 de janeiro de 2016

Das Nuvens

Das Nuvens


Perguntaria aos mestres as fórmulas que preenchem a solidão que se descobre enquanto se estuda a mente. E temeria que nenhuma delas silenciasse o medo da completa individualidade.
Abriam a boca para me contar que “cada ser nasce e morre sozinho” enquanto de olhos fechados eu nutria a certeza de que compartilhava da mente do outro.
Sinto muito, Buda, Sócrates e Osho. Pelas lágrimas que se tornam mais reservatório do que rio fluente. Por enlouquecer triturando o que não podia, posso ou poderei modificar. Por tampar os ouvidos diante ao questionamento e ligar a lanterna alheia no túnel de minha própria escuridão.
É só que ainda temo, passarinhos, observar todos os imaginários em particular. Sozinhos com suas interpretações. Projetando no mundo o que ocorre ali dentro. Segurando outro par de mãos para que se sintam menos sozinhos nesse mundo. E sendo os únicos, entre bilhões, a conhecerem os próprios pensamentos na hora de dormir. Quando é madrugada e as estrelas descem. E a loucura parece mais suscetível.

Quando na lógica diz-se de um jeito, a cabeça insiste em se atirar à frente, brincando de prever o que não aconteceu, acontece, acontecerá. Eu digo, dizia calma. Enquanto no colo de cem outros, a cabeça vagava pelo mesmo lugar.
Do trauma de se ver sozinho outra vez após o pensamento que se formava com uma certeza que para qualquer outro caso não existia, não existe - de que o laço vermelho de Akai Ito pendia entre nossas mãos.
E tremer como um terremoto diante de qualquer sinal do perfume. E recusar meu sorvete favorito. Porque a solidão me fazia mal ao estômago. À cabeça. E ao coração.
Vai o enjoo. Fica o medo. De não me sentir nunca mais protegida da incerteza. Porque em minha mente já domina o pensamento: "cada ser nasce sozinho, morre sozinho".
E tentei voltar ao mesmo rio. Mas ele já havia ido embora. E o que eu havia sido também.

Se você não possui, lhe dou. Minha mão. Meu corpo. E meu coração. Não pretendia, pretendo, pretenderei tomar-lhe algo de volta. Porque escolhi te observar no jardim, ao invés de matar suas raízes e te levar pra casa. Assim, você morreria e passaria a ser meu enfeite. E eu prefiro te amar, a amar aos meus enfeites.
É que precisamos aprender o dobro sobre o que ensinamos. E eu precisava, preciso, precisarei aprender sobre a compreensão. Insisti pela segunda, terceira ou quarta vez. E sempre que entrava, entrava melhor. Sempre que saía, saía pior. Cada volta sua o que me fez, faz. Que fazer com a mente, que tem consciência absoluta da necessidade da partida, mas traz intercaladas à sensatez lembranças belas assim?
O cérebro leva tempo para eliminar o que foi imaginado e em seu interior tornou-se realidade. Porque acreditamos na visualização, afinal. Nos planos sem querer. E na certeza da estadia permanente. Que não vai acontecer.

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