A História Conturbada De Como Adquiri Uma Nova Cicatriz
Há algo aborrecedor sobre chegar em casa pós-festa. O sol
atravessa suas cortinas enquanto sua cabeça gira e lateja, e os algodões sujos
de maquiagem sobre a penteadeira parecem te fitar incansavelmente.
É engraçado que a felicidade possa vir num copo tão
pequeno, e mais engraçada ainda a velocidade com a qual a mesma vai embora. As
pessoas gritam alto demais, giram rápido demais, dizem estupidez demais. Nunca me sinto no lugar certo.
“Me sinto um pouco perdida!” Gritei ao pé do ouvido por
trás dos cabelos longos. Eles riram. Rimos juntos. Quanta graça existe embutida
ao fato de estarmos sozinhos nesse mundo?
Flashbacks piscam como um cordão
cheio de luzes. “Você me acha pequena?” “Você é uma das maiores pessoas que
conheço.” (engraçado, porque suas mãos envolviam meus punhos por completo, como
se fossem gravetos) “Você não me conhece.” E escapuli o mais rápido que pude.
Quando saí, agarrada àquela camiseta preta, tudo pareceu
piscar e girar. Tropecei nos meus próprios pés. Ganhei uma nova cicatriz.
Chorava na sala de emergência. Não por ele, ou por ela,
ou pelos pontos no meu joelho. Só pela meia-calça de estrelas.
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