domingo, 5 de outubro de 2014

A História Conturbada De Como Adquiri Uma Nova Cicatriz

A História Conturbada De Como Adquiri Uma Nova Cicatriz

Há algo aborrecedor sobre chegar em casa pós-festa. O sol atravessa suas cortinas enquanto sua cabeça gira e lateja, e os algodões sujos de maquiagem sobre a penteadeira parecem te fitar incansavelmente.
É engraçado que a felicidade possa vir num copo tão pequeno, e mais engraçada ainda a velocidade com a qual a mesma vai embora. As pessoas gritam alto demais, giram rápido demais, dizem estupidez demais.  Nunca me sinto no lugar certo.
“Me sinto um pouco perdida!” Gritei ao pé do ouvido por trás dos cabelos longos. Eles riram. Rimos juntos. Quanta graça existe embutida ao fato de estarmos sozinhos nesse mundo? 
Flashbacks piscam como um cordão cheio de luzes. “Você me acha pequena?” “Você é uma das maiores pessoas que conheço.” (engraçado, porque suas mãos envolviam meus punhos por completo, como se fossem gravetos) “Você não me conhece.” E escapuli o mais rápido que pude.
Quando saí, agarrada àquela camiseta preta, tudo pareceu piscar e girar. Tropecei nos meus próprios pés. Ganhei uma nova cicatriz.
Chorava na sala de emergência. Não por ele, ou por ela, ou pelos pontos no meu joelho. Só pela meia-calça de estrelas.

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